quarta-feira, 6 de setembro de 2017

TITULOS BIZANTINOS E SUA CORRESPONDENCIA OCIDENTAL



Títulos bizantinos






O Império Bizantino tinha um sistema complexo de títulos nobiliárquicos stricto sensu e outros que correspondiam a cargos na administração. A maior parte dos cargos e dos títulos era meramente honorífica, uma vez que só o imperador governava. Ao longo dos mais de mil anos de existência do império, diversos títulos foram criados enquanto outros caíam em desuso, consoante as variações no prestígio de cada um ou as decisões de cada imperador. Inicialmente os diversos títulos eram os mesmo do Império Romano tardio, uma vez que o Império Bizantino não se distinguia de Roma. Já na época de Heráclio, no século VII, muitos dos títulos nobiliárquicos se tinham tornado obsoletos; na altura de Aleixo I Comneno muitos dos cargos ou eram novos ou tinham sido radicalmente redefinidos, conservando-se desse modo até à queda de Constantinopla em 1453.
Basileu (Βασιλεύς) — a palavra grega para "soberano" que, de início, era utilizada para identificar qualquer rei nas regiões helenófonas no Império Romano. Era também usada em relação aos imperadores do Império Sassânida. Heráclio adoptou-a para substituir a antiga expressão em latim Augusto ("Augustos") em 629, e assim tornou-se a palavra grega para "imperador".
Heráclio usou ainda os títulos de autocrator (αυτοκράτωρ — "autocrata," "governante único") e kyrios (κύριος — "senhor"). Os bizantinos reservavam o título de "basileu", entre os governantes cristãos, para o imperador em Constantinopla, e referiam-se aos reis da Europa Ocidental como "rigas", uma forma helenizada da palavra latina "rex" (=rei). O feminino basilissa identificava a imperatriz. As imperatrizes eram apelidadas "Eusebestati Augusta" (=Augusta muito piedosa), e também Kyria (=Senhora) ou despoina (o feminino de "déspota", ver infra).
Basileopator era um título honorífico atribuído ao "pai" de um imperador, embora o basileopator não tivesse de ser de facto o pai do imperador. O primeiro basileopator foi Zautzes, um aristocrata da época de Leão VI, o Sábio; Romano I Lecapeno também usou o título quando era regente em nome de Constantino VII.
O direito de primogenitura, ou sequer de hereditariedade, nunca foi claramente estabelecido para a sucessão imperial bizantina, porque em princípio o imperador romano era escolhido pelo Senado, pelo Povo e pelo Exército. Era algo profundamente arreigado na tradição "republicana" de Roma, segundo a qual se rejeitava a monarquia hereditária e o imperador encarnava os diversos cargos da República em uma só pessoa. Muitos imperadores, desejosos de assegurar o direito dos seus primogénitos ao trono, faziam-nos coroar co-imperadores ainda na infância, garantindo assim que por sua morte o trono não ficaria momentaneamente vago. Quando isto sucedia não se levantava a questão da sucessão. Outras ocasiões houve em que um imperador ascendia ao trono por se casar com a viúva do antecessor, ou depois de obrigar o antecessor a abdicar e a tomar votos monásticos. Outros imperadores foram depostos por terem demonstrado inépcia, como depois de uma derrota militar, ou simplesmente assassinados. São estas as razões por que o basileopator podia não ter sido ele próprio um imperador.
Porfirogénito (πορφυρογέννητος) — "nascido na púrpura": Os imperadores que desejavam realçar a legitimidade da sua ascendência e, por conseguinte, do seu direito trono, acrescentavam este título que significava que tinham nascido na "Pórfira" (a divisão do palácio imperial onde se davam os partos das imperatrizes e que era revestido com lajes de mármore púrpura) quando o seu pai era um imperador reinante. Constantino VII é vulgarmente cognominado "Porfirogénito".
Autocrator (Αυτοκράτωρ) — "Autocrata", este título começou por ser equivalente a Imperator e era usado pelos imperadores.
Sebasto (em grego: Σεβαστός; transl.: sebastos). Este título é a tradução literal para grego da expressão latina Augusto, e era usado pelos imperadores. Com Aleixo I Comneno tornou-se menos importante devido à criação do título de protosebasto. O feminino era sebaste ("η Σεβαστή").
Déspota (em grego: Δεσπότης; transl.: despotes) – Este título foi criado por Manuel I Comneno no século XII como o mais elevado na hierarquia, imediatamente a seguir ao imperador. Um déspota podia governar um despotado; por exemplo, o Despotado da Moreia, com capital em Mistra, era governado pelo herdeiro do trono bizantino a partir de 1261. O feminino, despoina, referia-se ou a uma governante ou à esposa do déspota.
Sebastocrator (Σεβαστοκράτωρ) – "Majestoso Governante" foi um título criado por Aleixo I como uma combinação de autokrator e de sebasto. O primeiro sebastocrator foi Isaac, irmão de Aleixo; não tinha qualquer conteúdo especial, significando apenas uma relação pessoal muito próxima com o imperador. O feminino era sebastocratorissa.
César (Καίσαρ) - era inicialmente empregado como o fora no Império Romano tardio para designar um co-imperador subordinado ou o herdeiro presuntivo do trono. Quando Aleixo I criou sebastocrator, césar tornou-se o terceiro título em importância, e quarto quando Manuel I criou déspota. O feminino era cesarina.
Panipersebasto (em grego: Πανυπερσέβαστος; transl.: panhypersebastos), e protosebasto (em grego: Πρωτοσέβαστος; transl.: protosebastos) – derivações de sebasto ("majestade"). Aleixo e outros imperadores posteriores criaram uma grande quantidade de títulos acrescentando pan ("tudo"), hiper ("super"), proto ("primeiro"), e outros prefixos a títulos já existentes, como sebasto nestes casos.

O título de nobreza era símbolo de status social.

 Para manter as aparências, geralmente arranjavam casamentos entre eles. A junção de duas famílias influentes, por exemplo, poderia significar mais força política.

Apesar de estar socialmente distante das camadas mais baixas, o nobre tinha o influente papel de servir como modelo político e ideológico de uma comunidade. Quando havia batalhas travadas pelo rei, o nobre era responsável por mobilizar seus servos mais fiéis para que eles incitassem os mais pobres a participarem do confronto.

Nas batalhas mais sangrentas, o nobre era obrigado a estar presente e se destacar no confronto, para que tivesse direito a mais regalias quando voltasse ao seu território. Por conta disso, muitos desses nobres eram militares ou poderosos combatentes, representando o símbolo da força de sua nação.

Os títulos de nobreza eram distribuídos conforme sua importância nas decisões políticas, e eram hereditários, ou seja, iam de pai para filho. Os principais títulos nobiliárquicos eram, em escala ascendente: escudeiro, barão, visconde, conde, marquês, duque, infante, príncipe,  rei.



Títulos nobres: quais são e qual sua relevância
DUQUE– É o mais elevado título de nobreza nas principais monarquias ocidentais, abaixo apenas de príncipe – normalmente o filho da família reinante – e tem origem no Império Romano, cujos comandantes militares recebiam o nome de dux, palavra latina que significa aquele que conduz,o que vai à frente, o pastor. O primeiro duque de que se tem notícia foi o de Castellanos, no século 12. Entre os povos antigos, o duque era merecedor de honrarias como se fosse parente do rei. Na Rússia havia o título de grão-duque, entre o duque e o czar, e na Áustria a mesma distinção foi instituída com o título de arquiduque. O assassinato de um deles, Francisco Ferdinando, numa rua de Sarajevo em 28 de junho1914, fez eclodir a Primeira Guerra Mundial.
MARQUÊS– Na hierarquia da nobreza, é inferior somente ao duque. Seu nome vem do provençal, dialeto medieval falado no sul da França. Ali se chamava originalmente de marques o intendente de fronteira – também chamado de“governador de marca”. Marcas eram distritos localizados em zonas de proteção nas regiões fronteiriças ou não-pacificadas. Aí, o marquês tinha amplos poderes e respondia pela administração civil e pela defesa militar. Ou seja, era o senhor de terras fronteiriças.
CONDE – Na Roma Antiga, o vocábulo latino comes,comitis, aquele que acompanha – que deu origem à palavra “comitiva” –se referia à aqueles que viviam na órbita direta do imperador, seus assessores e oficiais palacianos. Compunham o conselho particular do monarca e o acompanhavam em viagens e negócios, quando exerciam função adjunta e poderes delegados pelo soberano. O valete, conhecido nas cartas do baralho, é o mesmo que conde. 
VISCONDE – O mesmo que vice-conde, do latim vicecomitis, ou seja, o substituto do conde, designado para desempenhar suas funções quando ele estivesse impedido ou ausente – na realidade, o funcionário que substituía o conde na administração do condado. A partir do século 10, o título passou a ser outorgado também aos filhos dos condes.
BARÃO – Título imediatamente inferior ao de visconde, o berço dessa palavra se encontra no germânico baro, que,originalmente significava homem livre, embora os oficiais assim chamados fossem dependentes diretos do rei. O título era concedido a pessoas de destaque na comunidade pelo seu bem-sucedido desempenho profissional. No Império Romano, era um cargo administrativo cujo ocupante se incumbia da fiscalização dos prefeitos que atuavam nas redondezas da capital romana. O título foi criado pelo imperador Adriano para premiar soldados e administradores que se destacavam em suas atribuições, mas que não tinham direito a assento na alta nobreza de Roma. 

THE ROYAL HOUSE DOMUS VATATZES

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AUTOKRATIC PALACE
LISBON


Déspota (título)

Déspota  (em  grego:  δεσπότης;  transl.:  despótes  , lit. "senhor", "mestre]  foi um título cortesão sênior bizantino que foi conferido aos filhos ou genros dos imperadores reinantes, e inicialmente denotou o herdeiro-aparente. De Bizâncio espalhou-se através dos Bálcãs (búlgaro  e  sérvio: деспот,  despót), e foi também concedido aos estados sob influência bizantina, tais como o  Império Latino,  Bulgária,  Sérvia, e o  Império de Trebizonda. Deu origem a vários principados denominados "despotados" que foram governados tanco como estados independentes ou como  apanágios  de príncipes portando o título de déspota. O mais proeminente destes foram o  Épiro, a  Moreia  e  Sérvia. Em sua forma feminina é grafado despotesa (em  grego:  δεσπότισσα;  transl.:  despótissa; sérvio e búlgaro: деспотица,  despotítsa), que denotou a esposa de um déspota; outra forma comumente usada como o equivalente feminino é a transliteração despena (δέσποινα, "dona da casa").
Em  grego moderno  coloquial, a palavra Também é frequentemente usada para se referir a um  bispo 
Origem e história
Imperador  Manuel  II Paleólogo  (r. 1391–1425)com sua família: a imperatriz  Helena Dragaš(direita), e três de seus filhos, o coimperador  João VIII  (r. 1425–1448)  e os déspotas  Andrônico  e  Teodoro II
O termo original grego  δεσπότης  (despótes) significa simplesmente "senhor" e foi sinônimo de  κύριος  (kýrios). Como o equivalente grego do latino  dominus, déspota foi inicialmente usado como uma forma de tratamento indicando respeito. Como tal, foi aplicado para qualquer pessoa de classe, mas num senso mais específico para  Deus, bispos e patriarcas, e principalmente os  imperadores romanos  e  bizantinos, sendo também ocasionalmente usado em contextos formais,
por exemplo em moedas (desde  Leão  III, o Isauro) ou documentos formais.[5]  Embora tenha sido usado para nobres de alta patente do começo do  século XII, o título de déspota começou a ser usado como um título cortesão específico por  Manuel  I Comneno  (r. 1143–1180), que conferiu-o em 1163 para o futuro rei  Bela III da Hungria(r. 1172–1196), o genro do imperador e, até o nascimento de  Aleixo II  (r. 1180–1183), seu herdeiro aparente. De acordo com o historiador bizantino contemporâneo  João Cinamo, o título de déspota foi análogo ao título de  urum  de Bela, ou herdeiro aparente.Deste momento até o fim do  Império Bizantino, o título de déspota tornou-se a mais alta dignidade bizantina, que situava seus titulares "imediatamente depois do imperador". No entanto, os imperadores bizantinos, dos Comnenos aos Paleólogos, bem como os imperadores latinos que alegaram a sucessão deles e imitaram seus estilos, continuaram a usar o termo déspota em um senso mais específico de "senhor" em seus selos pessoais e na  cunhagem imperial.  De modo semelhante, os titulares dos títulos imediatamente juniores de  sebastocrator  e  césar  podiam ser endereçados como déspotas (δεσπότα).[11]  O déspota compartilhou com o césar outro epíteto apelatório, euticéstato (em  grego:  εὐτυχέστατος;  transl.:  eútychéstatos  , lit. "mais afortunado" ou paneuticéstato (em  grego:  πανευτυχέστατος;  transl.:  paneutychéstatos  , lit. "mais afortunado de todos").[12]
Durante os últimos séculos de existência do Império Bizantino, o título foi concedido aos filhos mais novos dos imperadores (os filhos mais foram foi geralmente coroados como coimperadores, ( simbasileus) bem como para os genros dos imperadores (gambros). O título implicava extensas honras e privilégios, incluindo o controle de grandes propriedades - os domínios de  João Paleólogo, o irmão de  Miguel  VIII Paleólogo  (r. 1259–1282), por exemplo incluía as ilhas de  Lesbos  e  Rodes  - para financiar suas extensas famílias. Como os títulos juniores de sebastocrator e césar, o título de déspota foi estritamente uma dignidade cortesã, e não foi ligado a quaisquer funções militares ou administrativas ou poderes.[13]  Mulheres não podiam manter um título nobre, mas portar o título de seus maridos. Assim, a esposa de um déspota, a despotesa, tinha o direito de postar as mesmas insígnias que ele. Entre as mulheres da corte, as despotesas também tomaram o primeiro lugar após a  imperatriz.[14]


O uso do título espalhou-se também para outros países dos  Bálcãs. O  Império Latino  usou-o para honrar o  doge de Veneza  Henrique Dandolo  e o governante local da região do  Ródope,  Aleixo Eslavo. Após ca. 1219, foi regularmente portado (é incerto se o título foi concedido pelo imperador ou usurpador) pelos  podestàsvenezianos em  Constantinopla, uma vez que o apoio veneziano tornou-se crucial para a sobrevivência do império.[15]  Em 1279/1280, foi introduzido na  Bulgária  para aplacar o poderoso magnata (e depois  tsar)  Jorge Terter  (r. 1280–1292). Durante o  Império Sérvio  foi largamente concedido entre os vários magnatas sérvios, com  João Olivério  sendo o primeiro titular, bem como para principados menores, incluindo os alto-proclamados  déspotas albaneses de Arta.[16]  No  século XV, os governadores venezianos de  Corfu  foram também denominados como déspotas.[6]  Como o título de déspota foi conferido pelo imperador e geralmente implicava um grau de submissão pelo premiado, os imperadores Paleólogos tentaram persuadir os imperadores de Trebizonda, que também reivindicaram o título imperial bizantino, a aceitaram ao invés disso o título de déspota. Apenas  João  II de Trebizonda  (r. 1280–1297)  e seu filho  Aleixo II  (r. 1297–1330), contudo, aceitaram o título, e mesmo assim eles continuaram a usar domesticamente o título imperial comum de  basileu.[17]
Com a morte do último imperador bizantino,  Constantino  XI Paleólogo, em 29 de maio de 1453, a criação de um déspota tornou-se irregular. O título foi concedido pelo  papa Pio II  a  André Paleólogo, herdeiro do trono bizantino em 1465,[18]  e pelo  rei da Hungria  aos herdeiros do  Despotado da Sérvia.
As atribuições fora das dinastias imperiais deste Título era irregular, pois só o Imperador reinante o pode conceder,dado que segundo a constituição do Império só
depois da eleição do imperador pelo Senado e Consagrado pelo Patriarca de Constantinopla o imperador assumia todos os seus poderes como vigário de Deus sobre a Terra.